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CNN Sinais Vitais mostra como cuidados paliativos transformam a vida de pacientes

Conforto, qualidade de vida e alívio do sofrimento. Estes são alguns dos objetivos dos cuidados paliativos, uma área específica da medicina voltada aos pacientes em fim de vida ou que recebem diagnóstico de uma doença que ameaça a continuidade de suas existências.

O CNN Sinais Vitais desta semana revela como os cuidados paliativos podem amenizar impactos físicos, emocionais, sociais e até mesmo espirituais a partir do trabalho de equipes de saúde multidisciplinares. A reprise do programa apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil vai ao ar neste domingo (10), às 19h35, reforçando o conteúdo diversificado com a marca CNN Soft.

“É uma forma de olhar o indivíduo como um todo, entender que existe ali uma pessoa com toda uma história que antecede, inclusive, o processo de adoecimento, e de fazer um cuidado voltado para oferecer uma melhor qualidade de vida para essa pessoa e um fim de vida com mais dignidade”, explica Lucas Andrade, médico cardiologista e diretor da Clínica Florence, de Salvador (veja entrevista no vídeo acima).

O episódio conta com entrevistas de alguns dos maiores nomes da especialidade e acompanha a rotina de pacientes e familiares que tiveram acesso a esses serviços.
“No caso de um paciente com muitas dores por conta de um câncer, por exemplo, temos muitos caminhos para aliviar o sofrimento em paralelo ao tratamento da doença”, destaca a médica geriatra Ana Claudia Quintana, autora do bestseller “A morte é um dia que vale a pena viver”. “Você vai ver um paciente que tem condição de superar todas as adversidades do tratamento e alcançar um tempo de vida muito maior do que se ele não tivesse esse cuidado”, completa.

Segundo o médico intensivista e paliativista Daniel Neves Forte, o cuidado paliativo não busca cuidar da morte, mas da vida. “As pessoas não querem morrer, elas querem viver bem. Acho que é isso que o cuidado paliativo busca: cuidar da vida, e vida só é vida porque tem morte”, diz.

“O médico foca tanto na doença, em querer consertá-la, que esquece do sofrimento. O que priorizar agora? Querer consertar nas melhores intenções pode quebrar e machucar. O paciente é frágil, aí vem complicação atrás de complicação”.

Experiência de familiares
O CNN Sinais Vitais acompanhou cuidados paliativos em dois serviços de saúde, um público e outro privado. Na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), a imersão foi no Hospital do Câncer IV, que é a unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro. Lá, a equipe mostra as modalidades de internação e atendimento domiciliar e a experiência pessoal com o tema de Ana Cristina Pinho, diretora-geral da instituição.

O marido de Ana Cristina, médico anestesista do INCA, morreu em casa recebendo esse tipo de tratamento. Do diagnóstico de câncer de pulmão, em 2014, até a morte, decorreu um ano. A médica conta que foi realizada a tentativa de tratamento, mas a doença evoluiu.

“Nós demos tudo o que podíamos dar, principalmente muito amor, muito afeto, muito respeito, muita dignidade e, inclusive, deixá-lo até o último momento lá perto da gente, ouvindo as músicas que ele gostava de ouvir, comendo enquanto ele conseguia comer, tomando sorvete de chocolate, ter o prazer até quando fosse possível. Essa é aplicação prática do conceito dos cuidados paliativos”, conta Ana.

Na rede particular, a equipe apresenta a primeira unidade no Brasil criada exclusivamente para pacientes em fim de vida. Na Clínica Florence, em Salvador, as irmãs Quézia e Rebeca vivenciaram a perda da mãe, Maria Lícia, em 2019, por conta de um câncer de pulmão com metástase no cérebro. Elas alertam para a importância da união entre o tratamento convencional e os cuidados paliativos.

“A gente teve uma despedida digna, uma família acolhida e a dor amenizada”, relata Quézia, que tira da bolsa cor-de-rosa o livro da médica geriatra Ana Claudia Quintana e lê um trecho para a equipe. “Para estar ao lado de alguém que está morrendo, precisamos saber como ajudar a pessoa a viver até o dia em que a morte dela chegar. Apesar de muitos escolherem viver de um jeito morto, todos têm o direito de morrer vivos. Quando chegar a minha vez, quero terminar minha vida de um jeito bom, quero estar viva nesse dia. E minha mãe estava viva nesse dia”.

“E na piscina de bolinhas”, complementa a irmã Rebeca. A bancária Maria Lícia faleceu no dia 25 de julho de 2019 realizando um sonho: ao lado da família, dos amigos e dos médicos que possibilitaram a divertida imersão dela em bolinhas coloridas de plástico.

Para o filósofo Mario Sergio Cortella, também um dos entrevistados do episódio, esse é o universo dos cuidados paliativos: quando o paciente está no cerne do cuidado, em que se respeita e se entende sua biografia. “Vou usar a expressão de um médico mineiro, Guimarães Rosa, a pessoa que sabe que há momentos em que a vida parece um grande sertão, mas tem veredas, e essas veredas são, em larga escala, aquilo que cabe aos cuidados paliativos”.

Ampliação na oferta
Apesar de ser um tratamento fundamental, os cuidados paliativos ainda não são uma realidade difundida e com acesso para a população brasileira. Segundo o Atlas 2019 produzido pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), o Brasil possui cerca de 2.500 hospitais com mais de 50 leitos cada, porém apenas 5% deles disponibilizam uma equipe de cuidados paliativos. Quando se trata da modalidade de Hospice (hospedaria em cuidados paliativos), existem apenas 12 instituições do tipo em todo o país.

O Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) em parceria com o Hospital Sírio-Libanês atuam em um projeto nacional para implementação de cuidados paliativos na rede pública.

Entre os anos de 2021 e 2023, serão realizados treinamentos e implementação de protocolos da área em um conjunto de serviços do SUS (um hospital, um ambulatório de especialidades e um atendimento domiciliar) em cada um dos 27 estados brasileiros. O projeto foi publicado em Diário Oficial em abril de 2021.

Fonte: CNN Brasil  / Imagem: Reprodução - CNN