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Acolhimento no processo de morrer em casa: percepção dos familiares

Quando um ente familiar adoece e enfrenta uma situação irreversível em seu quadro clínico, os Cuidados Paliativos são essenciais para oferecer – tanto ao paciente, quanto a seus cuidadores e familiares – a dignidade necessária para enfrentar as adversidades geradas pela doença e sua evolução, tratamento e, muitas vezes, preparação para o luto.

A enfermeira especialista em saúde do idoso e Cuidados Paliativos, Caroline Silveira, apresentou durante o IX Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos, um trabalho focado nessas situações. Chamado de “Acolhimento do processo de morrer em casa: percepção dos familiares”, o trabalho de Caroline se baseou em sua larga experiência na área e um recorte de sua dissertação de mestrado.

Segundo Caroline o que a motivou a realizar este trabalho “foram as reflexões geradas a partir do acompanhamento de óbitos domiciliares, há mais de 8 anos. Notando que o maior desgaste e sofrimento dos familiares cuidadores se dá no processo de cuidar durante a evolução da doença e não necessariamente relacionado ao evento final (a morte), fato este exposto pelos próprios familiares entrevistados na pesquisa”, explica a enfermeira.

A profissional enfatiza que a família pode vir a sofrer bastante com a necessidade de cuidar da pessoa adoecida. “Cuidar de um familiar totalmente dependente para os cuidados, sem opção de escolha, muitas vezes, é um ato de muita generosidade, mas também pode ser muito sofrido e pesado. Nós, enquanto profissionais paliativistas, precisamos nos atentar e valorizar cada vez mais o olhar e as necessidades dos familiares, que, várias vezes, passam por diversas perdas ao longo do cuidar de um ente adoecido em casa e, após o óbito deste, precisam ressignificar seus papéis e diversos aspectos de suas próprias vidas, além de aprender a lidar com a dor da ausência do que se foi”, ressalta Caroline.

Para a enfermeira, o atendimento de cuidados paliativos deve sempre estar atento àqueles que estão ao redor do paciente, uma vez que continuarão ali após a partida do ente querido. “É fundamental que o paciente assistido receba todo o suporte da equipe para que faça a sua partida da forma mais serena e confortável possível, mas o familiar cuidador é quem fica e merece todo o cuidado e assistência necessários para que possa se sentir amparado, mesmo que seu sofrimento não possa ser evitado. Cabe lembrar que a ‘Satisfação familiar’ é um dos indicadores de qualidade que deve ser avaliado e monitorado por todos os serviços e/ou equipes que prestam Cuidados Paliativos e este deve ser visto pelos profissionais como uma oportunidade de oferecer um espaço de escuta e acolhimento da percepção de quem cuida e lida com a ambiguidade de sentimentos que o cuidado domiciliar envolve: a família”, finaliza Caroline.

Este trabalho está entre os 3 premiados na categoria “Modalidades Atendimentos em Cuidados Paliativos“, no IX Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos. Assim como os demais apresentados tem seu resumo publicado no suplemento da revista Latin American Journal of Palliative Care, para acessar basta clicar aqui.

Fonte: ANCP - Academia Nacional de Cuidados Paliativos