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10 mitos sobre cuidados paliativos

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) define os Cuidados Paliativos como abordagens que melhoram a qualidade de vida.

Os cuidados englobam pessoas com condições de saúde diversas, sejam adultos ou crianças, e familiares que enfrentam problemas associados a essas condições ameaçadoras de vida. Os cuidados previnem e aliviam sofrimento através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor, além de outras questões psicológicas, sociais e espirituais.

A resolução 67.19 da Assembleia Mundial da Saúde sobre o fortalecimento dos cuidados paliativos, adotada em 2014, enfatiza a necessidade de criar políticas nacionais de cuidados paliativos, para garantir o acesso seguro a opióides para alívio da dor, treinamento das equipe de saúde e a integração dos cuidados paliativos aos sistemas de saúde existentes. A necessidade de adotar esta forma de tratamento nunca foi tão grande, devido ao crescimento de pessoas convivendo com doenças crônicas e da expectativa de vida.

Porém, existem mitos que distorcem o sentido dos cuidados paliativos. Conheça dez mitos comuns e a verdade por trás quando o tema é cuidados paliativos:

Mito 1: Cuidados paliativos são mais apropriados para pacientes que provavelmente morrerão em semanas.

Fato: Uma abordagem paliativa significa focar nos cuidados físicos, psicológicos, sociais e espirituais para melhorar a qualidade de vida, sejam semanas, meses ou anos.

Mito 2: A dor faz parte da morte.

Fato: A dor nem sempre faz parte da morte. Se a dor for sentida perto do fim da vida, há muitas maneiras de manejá-la.

Mito 3: O tratamento termina quando os cuidados paliativos começam.

Fato: Os cuidados paliativos podem começar no momento do diagnóstico de uma doença que limita a vida e pode ser concomitante ao tratamento ativo.

Mito 4: Cuidados paliativos aceleram a morte.

Fato: Os cuidados paliativos não aceleram o processo da morte. Mas, sim proporcionam conforto e a melhor qualidade de vida desde o diagnóstico de uma doença em estágio avançado até ao fim da vida.

Mito 5: Levantar o tópico de cuidados paliativos com pacientes e cuidadores rouba a esperança deles.

Fato: Os cuidados paliativos garantem a melhor qualidade de vida para aqueles que foram diagnosticados com uma doença em estágio avançado. A esperança se torna menos sobre “cura” e mais sobre viver a vida o mais plenamente possível.

Mito 6: Tomar analgésicos como a morfina em cuidados paliativos leva ao vício.

Fato: A dor bem controlada é importante durante uma doença. Manter as pessoas confortáveis geralmente requer doses maiores de analgésicos. Isso é resultado da tolerância à medicação à medida que o corpo se ajusta, não do vício. As regulações de prescrição deste tipo de medicação devem equilibrar a prevenção de seu uso indiscriminado com a garantia de acesso à morfina para aliviar a dor moderada e intensa.

Mito 7: Os cuidados paliativos são fornecidos apenas em um hospital.

Fato: Em muitos casos, cuidados paliativos podem ser prestados onde quer que o paciente resida – casa, instituição de cuidados de longo prazo, ‘hospice’ ou hospital. Às vezes, as necessidades do paciente excedem o que pode ser fornecido em casa, apesar dos melhores esforços. No entanto, a integração dos cuidados domiciliares tem vantagens, cuidados paliativos que incluem este atendimento podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias, e desonerar os sistemas de saúde, reduzindo internações hospitalares desnecessárias.

Mito 8: A morfina é administrada para acelerar o processo de morte.

Fato: Doses apropriadas de morfina mantêm os pacientes confortáveis, mas não aceleram o processo de morte.

Mito 9: Os cuidados paliativos são apenas para pessoas que estão morrendo de câncer.

Fato: Os cuidados paliativos podem beneficiar os pacientes e suas famílias desde o momento do diagnóstico de qualquer doença que limite a vida.

Mito 10: Pessoas em cuidados paliativos que param de comer morrem de fome.

Fato: Pessoas com doenças avançadas não sentem fome ou sede como as pessoas saudáveis. As pessoas que param de comer morrem devido às complicações da doença, não de fome.

Uma realidade indiscutível é que os cuidados paliativos melhoram vidas. Porém, em todo o mundo, apenas 14% das pessoas que precisam desses cuidados, os recebem atualmente. A qualidade de vida dos pacientes e suas famílias são muito melhoradas pelos cuidados paliativos.

Apesar disso, a falta de acesso a cuidados paliativos e controle da dor é extremamente desigual globalmente. A maioria das pessoas em países de alta renda têm acesso, mas apenas uma pequena parcela de pessoas em países de baixa e média renda conseguem acessar tratamento paliativo. A cada ano, cerca de 40 milhões de pessoas precisam destes cuidados, 78% das quais vivem em países de baixa e média renda. Entre as crianças são 98% vivendo em países de baixa e média renda.

Os cuidados paliativos são “centrados nas pessoas”. Respeitando os valores e a confidencialidade dos pacientes, procura proteger os pacientes e suas famílias das dificuldades financeiras decorrentes da doença e oferece apoio emocional durante a doença e para os enlutados.

Fonte: AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose