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Cuidados paliativos: defesa da boa qualidade de vida, com benefícios para paciente e sua família

A ideia de que a medicina é a luta contra a morte é errada: os cuidados paliativos estão aí para provar o erro dessa ideia. Na verdade, a medicina é uma luta pela vida boa, como definiu o escritor Rubem Alves (1933-2014), frase que se aplica perfeitamente aos cuidados paliativos, um campo e conjunto de práticas que visa a melhorar a qualidade de vida de pessoas acometidas por doenças que ameaçam a vida.

 

O ideal é que os cuidados paliativos sejam oferecidos já no diagnóstico da doença. Imagine a situação de uma mulher que acaba de receber a notícia de câncer de mama. Ela não corre risco imediato de morte, nem sente dor ainda. Porém, surgem muitas dúvidas e medos neste momento. Se existem os profissionais que irão tratar a doença, há também aqueles que irão cuidar do sofrimento, tornando todo o processo mais leve.  Proporcionar cuidados individualizados requer uma equipe multidisciplinar. Por isso, os profissionais que trabalham com cuidados paliativos são de áreas como a medicina, psicologia, fisioterapia, nutrição, etc. Essa perspectiva é fundamental para minimizar as dores do corpo e da mente. 

 

Um estudo norte-americano analisou a evolução do quadro de pessoas com câncer de pulmão. Os resultados constataram que aquelas em estágio avançado que receberam cuidados paliativos precocemente, associados ao tratamento da doença, tiveram melhor qualidade de vida e menos sintomas de depressão. E, apesar de ter se submetido a menos procedimentos invasivos no fim da vida, o grupo dos paliativos viveu quase três meses a mais. E como está o Brasil neste cenário? O Atlas Global de Cuidados Paliativos, da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o Brasil no nível 3B (numa escala de 1 a 4) quanto ao desenvolvimento da área. 

 

Uma resolução publicada pelo Ministério da Saúde, em outubro de 2018, definiu diretrizes para organizar os cuidados paliativos no SUS como uma política nacional, o que tende a ampliar a oferta desses serviços no país. Além disso, eles já são mais desenvolvidos na saúde pública do que em centros privados, estimando-se que 66% dos serviços de cuidados paliativos atendem pacientes no SUS. 

 

Já os países que ocupam a classificação mais alta no ranking da OMS, como Reino Unido, Estados Unidos e Austrália, apresentam alcance abrangente de todos os tipos de cuidados paliativos, tanto em hospitais, consultórios, domicílios e unidades especializadas. Para exercer essa prática com qualidade, existem quatro princípios que listamos abaixo:

 

- Evitar a dor: desconfortos físicos, emocionais, espirituais e sociais são tratados e prevenidos com prioridade. 

 

- Não antecipar a morte: o máximo de bem-estar e conforto será oferecido em vida, até o falecimento natural.

 

- Respeitar escolhas: nenhum tratamento é imposto ou retirado sem que o paciente ou a família participem da decisão. 

 

- Apoiar a família: os profissionais informam sobre a tomada de decisões, medeiam conversas e ajudam a lidar com o luto e sofrimento.