Natal (RN) – Contemplar a imensidão do mar, brincar na areia, sentir o sol tocando a pele e aquele ventinho que traz a sensação de liberdade.
Estes foram os recursos terapêuticos dos quais o pequeno Anthonny Lukas Oliveira, de 2 anos, pode desfrutar em seu primeiro contato com a praia. Ele é paciente pediátrico em cuidados paliativos do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e só conseguia ver tudo isso pela janela.
A criança expressava seu desejo de ver e sentir aquela paisagem, e, por isso, na tarde do dia 09 de novembro, a Comissão de Cuidados Paliativos, junto com a equipe multidisciplinar da Unidade de Terapia Intensiva pediátrica, o levou para esse encontro especial. O que antes era visto de longe por ele, como um quadro, se tornou realidade e um momento de diversão.
Anthonny é portador de síndrome nefrótica, condição que provoca perda de proteína pela urina, podendo levar a insuficiência renal, explicou a nefrologista Ana Karina Dantas, que o acompanha. Essa doença também está relacionada a maior suscetibilidade a infecções, tanto pela doença em si, como pelo tratamento instituído que leva à queda na imunidade do paciente. Desde maio deste ano, ele vem sendo acompanhado no Huol-UFRN, e em 21 de julho precisou ser internado para tratamento de quadro infeccioso e descompensação da síndrome nefrótica.
O menino completou seu aniversário de dois anos no Hospital, em 23 de julho, e passou quatro meses ininterruptos internado no hospital, sendo a maior parte do tempo, na UTI Pediátrica. No caso de Anthonny, a doença não está respondendo adequadamente ao tratamento padrão, o que tem levado à rápida evolução para doença renal crônica com necessidade de realização de hemodiálise, esclareceu a especialista.
Durante todo este tempo internado, a equipe percebeu o seu desejo de ver o mar e promoveu esse momento respeitando as condições de saúde dele, relatou Gabriela Bezerra, chefe da Unidade da Criança e do Adolescente do Huol e membro da Comissão de Cuidados Paliativos. “No começo, ele achou estranho porque nunca havia estado naquele lugar, mas depois se soltou e ficou apaixonado pela praia”, relatou. A profissional destacou que os benefícios de uma ação de humanização como essa são expressivos, pois, ao sair por um tempo do cenário hospitalar, há uma visível diminuição da desorientação de tempo e espaço, naturalmente provocada por longos períodos no leito, melhorando também a qualidade do humor, do sono e, consequentemente, do tratamento.
A mãe de Anthonny, Yara Oliveira, de 30 anos, também esteve presente neste momento tão especial para o filho. “Ele gostou bastante, só vivia pedindo isso. Foi uma experiência única”, relatou. Ela destacou, ainda, o acolhimento que tem recebido no Hospital: “Tem sido muito difícil, mas eu só tenho a agradecer aos profissionais do Huol. No tempo que estivemos ali com ele internado, fomos abraçados como se fôssemos parentes. Meu filho, inclusive, me pede bastante para visitá-los”.
Após a ida à praia, Anthonny recebeu alta hospitalar no dia 18 de novembro, mas precisou retornar à internação entre os dias 23 a 28 para ajustar as taxas no sangue. Agora em casa, ele continua os cuidados e realiza hemodiálise três vezes por semana na Clínica de Diálise. Ele seguirá sendo acompanhado pelos Ambulatórios de Nefrologia e de Cuidados Paliativos, com assistência integral de sua saúde e, conforme a nefrologista Ana Karina afirmou, refletida na promoção de qualidade de vida ao paciente, possibilitando momentos de descontração como este, “deixando que ele seja criança”, como a médica ressaltou. E foi exatamente assim. O sorriso e o encantamento de uma criança conhecendo e brincando naquele lugar.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Onofre Lopes faz parte da Rede Ebserh desde agosto de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh
Fonte: Gov.br