Com o decorrer dos anos, é natural que experimentemos mudanças em nossa capacidade de comunicação. Quando confrontados com um diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida, essa comunicação pode se tornar um desafio, seja devido à própria doença, a condições neurológicas ou a uma diminuição da capacidade física. Isso não apenas afeta o paciente, mas também seus familiares e os profissionais de saúde que o cercam.
Nesse contexto, compreendendo que a comunicação é um dos fundamentos dos Cuidados Paliativos e crucial para preservar o bem-estar e a dignidade dos indivíduos, é imperativo fazer adaptações para garantir uma melhor qualidade de vida.
É essencial avaliar o paciente além da doença, conversando tanto com o paciente quanto com seus familiares para identificar as limitações de comunicação e compreender quais aspectos dificultam o entendimento.
A partir dessa avaliação, um plano é desenvolvido, oferecendo alternativas adequadas às necessidades do paciente. Em muitos casos, a comunicação alternativa se torna essencial, proporcionando novos métodos, como sinais manuais, gestos, escrita, objetos tangíveis, desenhos, placas de comunicação visual, palavras e frases em placas, e até dispositivos de fala.
Os objetivos da comunicação em Cuidados Paliativos incluem ouvir e acolher as necessidades do paciente e de seus familiares, permitir que o paciente participe das decisões relacionadas ao seu tratamento, promover uma vivência saudável da finitude, fortalecer os laços afetivos entre pacientes, familiares e profissionais de saúde, garantir que o paciente esteja ciente de seu tratamento e prognóstico, proporcionar um espaço seguro para compartilhar medos e desejos, e resgatar e valorizar as relações envolvidas.
É crucial que os profissionais de saúde considerem algumas recomendações ao se comunicarem com pacientes e familiares, especialmente ao dar notícias difíceis: criar um ambiente seguro e livre de ruídos, utilizar uma linguagem clara e simples, manter-se ao mesmo nível físico do paciente ou familiar, estabelecer contato visual, fazer uso de gestos e, se permitido, tocar na pessoa após pedir licença.
Estabelecer uma relação de confiança é fundamental para que o paciente se sinta à vontade para expressar seus desejos e valores, e é importante discutir abertamente os sentimentos em relação à doença e ao prognóstico.
Lembre-se: ouça mais do que fale. A escuta ativa é uma habilidade essencial para todos os profissionais envolvidos em Cuidados Paliativos, promovendo um cuidado integral e humanizado até o fim da vida.